Pra não Enlouquecer
(Zumbira)
Quando a tarde se esvai serena
O negro do céu semeia estrelas
A lua sai para dançar brilhante
E eu fico sem par, errante
E entre tantos becos tantas ruas
Tantos sonhos e realidades cruas
Sinto frio, sinto fome, sinto sede
Sinto-me jogado contra a parede
Vejo corações partidos aos pedaços
Outros calados, firmes, como se de aço
Por que os felizes são tão raros?
Será o amor artigo assim tão caro?
E se soubéssemos não mais teria graça
È consultar cigana sem temer trapaça
Então melhor é a surpresa de encontrar
Sem poder prever a hora certa ou o lugar
Na madrugada estrelas tão diversas
E pelas ruas, bares, bocas, mil conversas
Procuro no silêncio a paz e o delírio
Será que nunca saberei o que eu prefiro?
Quando a noite se despede e vai embora
E o sol semeia raios pelo mundo afora
O coração se lembra de bater
E eu cansado quero adormecer
Mas sigo alerta e tomo um café
Para esperar um pouco mais de pé
Não posso e não quero desistir
Antes do por-do-sol hei de sorrir
E ao meu redor pessoas tão compenetradas
Com suas vidas sempre tão disciplinadas
Parecem me dizer
Que essas regras são pra não enlouquecer
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